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Showing posts from 2024

Planos cancelados

Meu fim-de-semana em Garça já estava praticamente planejado , embora de forma muito flexível. Afinal, o objetivo era relaxar e não me estressar para poder cumprir o plano. No sábado de manhã, eu iria fazer uma caminhada (ou talvez, até dar uma corridinha) e depois, tomaria sol para tirar meu bronze home-office . Depois do almoço, faria uma siesta sem horário para acordar e relaxaria até ir dormir novamente, seja lendo, escrevendo ou terminando de assistir os últimos episódios da minha série atual. No domingo, pegaria o ônibus de volta para São Paulo pois, na segunda-feira, minha rotina de trabalho, exercícios físicos e demais compromissos voltaria ao normal, junto ao marido, às gatinhas e à enteada. Mas... nem tudo acontece sempre como planejamos, não é mesmo? Já na sexta-feira, tudo começou a acontecer fora do planejado. Acordei com uma dor insuportável na barriga que me impediu de fazer minha aula de funcional pela manhã e de trabalhar durante todo o dia. A partir daí, todos os meus ...

Perrengue très chic!

Todo mundo vê as fotos que eu posto, mas não os perrengues que eu passo. Esse poderia ser o lema de qualquer viagem. Pois sabemos que não existe viagem sem perrengue, principalmente as viagens internacionais! Na minha última viagem à França, este ano, fiz uma coleção deles. Cada interruptor, tomada, torneira ou descarga que utilizamos em outros países precisaria de um manual. Torneira automática, que abre pra cima, pro lado ou com o pé... Tomada de 3 pinos redondos, de dois pinos retangulares paralelos ou na diagonal. Tomadas que afundam na parede e que, nunca, irão encaixar naquele secador que você levou na mala durante toda a viagem. Nem mesmo o conversor universal de tomada dá conta de tanta variedade. Sem falar nas "privadas de plataforma" da Alemanha, que existem apenas para que você possa admirar a obra de arte que acabou de criar...   No quesito mobilidade, em cada cidade que visitamos, precisamos descobrir como pagar o ônibus e o metrô. Em algumas delas, precisamos co...

Nosso novo objeto do desejo

 E assim, de repente, agosto se foi. Aquele mês antes interminável, agora também está passando rápido. Nos mercados, já podemos pressentir os primeiros sinais do Natal e, logo, os corredores estarão bloqueados por túneis feitos de caixas de panetones de todos os sabores, tamanhos e preços. Hoje em dia, o tempo é o nosso novo objeto do desejo. Não conheço nenhuma pessoa que diga que tem tempo suficiente para fazer tudo o que precisa (e quer) fazer. Estamos todos correndo contra o tempo em uma esteira rolante? Ou seria em uma roda giratória de hamster ?   Dizem que o tempo é relativo à idade. Quanto mais velhos nos tornamos, mais rápido o tempo passa, pois temos mais histórias para contar e mais memórias para lembrar. Dizem também, que temos a impressão de que o tempo passa mais rápido quando fazemos as coisas no piloto automático, sem prestar atenção no que estamos fazendo. E que, para que isso não aconteça com tanta frequência, é importante fazermos  sempre  coisas n...

Flow: A psicologia do alto desempenho e da felicidade

Este livro ficou sentado na minha prateleira por muitos meses, olhando para mim diariamente, até que eu finalmente iniciasse sua leitura. A princípio, pensava que ele incluiria uma coleção de pesquisas científicas, além de um passo a passo sobre como conseguir " entrar no flow ", aquele estado de concentração plena durante uma atividade, em que você nem vê o tempo passar.  Logo no primeiro capítulo, descobri que o livro é muito mais do que isso. Como o próprio título diz, fala também sobre como encontrar a felicidade através do flow . Confesso que fiquei surpresa com o conteúdo, pois até então meu conhecimento sobre o tema se limitava ao seu impacto na capacidade de concentração e não na qualidade de vida como um todo. Mas, considerando que o autor do livro,  Mihaly Csikszentmihalyi, é um renomado psicólogo, eu não deveria esperar nada menos do que um livro sobre felicidade. Aliás, seu nome impronunciável foi citado até por Daniel Kahneman, em  Rápido e Devagar . Quand...

Uma impostora da tecnologia

  Entrei na faculdade de Ciência da Computação em 1996, quando Tecnologia da Informação ainda era a “profissão do futuro”. Não me lembro muito bem por que escolhi esse curso. Só sei que, aos 17 anos, não temos maturidade suficiente para escolher a profissão que iremos seguir para o resto da nossa vida. Mas eu gostava de ciências exatas, tinha um bom raciocínio lógico e não queria fazer Engenharia, então, foi o que sobrou. Ganhei meu primeiro computador quando passei no vestibular. Um desktop com monitor de 15 polegadas, Windows 95 e kit multimídia, de última geração. No primeiro dia de aula, olhei para a grade de disciplinas e já estranhei a que se chamava “Construção de Algoritmos”, a base de toda a programação. Não fazia a menor ideia do que iria aprender nos próximos quatro anos que me aguardavam como universitária. Meus amigos da faculdade achavam que eu nunca iria concluir aquele curso. A maioria deles já tinha computador e programava desde criança, enquanto eu, estava apenas ...

Café na mamadeira

 Sempre fui completamente apaixonada por café. Costumo brincar que minha mãe devia colocar café na minha mamadeira, pois não consigo me lembrar de uma época em que essa iguaria deliciosa não fez parte da minha rotina diária. Pode ser café com leite, expresso ou gourmet. Até café sem açúcar e com gelo eu adoro! Meu pai nasceu na roça, em meio a uma família italiana de 10 irmãos. Todos moravam na mesma casa e trabalhavam no cultivo do café. E assim ele seguiu ao longo de sua vida, sempre com o seu pedaço de terra e a sua plantação de café. Me lembro que quando eu era pequena, meu pai trazia uma parte da sua colheita para casa, e minha mãe torrava e moía o café para nosso próprio consumo. Como eu amo o cheiro de café moído na hora! Eu adorava abrir aquela gavetinha do moedor de ferro verde, onde os grãos caíam em forma de pó, e inspirar bem fundo, até que aquele cheiro ficasse grudado nas minhas narinas. Até hoje, ele me traz muitas lembranças da infância... Na minha família, todos se...

Piscina de bolinha de verdade

Era domingo, dezembro de 2023. O calor de Beagá, em pleno verão, estava insuportável. O dia estava até mais silencioso, mesmo para um domingo. E eu estava em casa, suando em bicas e tentando arrumar o que fazer com uma criança de 3 anos, cheia de energia. Moramos em um apartamento pequeno de dois quartos, mas que possui uma área externa bem espaçosa, por ser no último andar do edifício. Nem posso chamar de cobertura, pois nesse caso, você estaria pensando em um apartamento de alto padrão. Mas posso dizer que o que temos é uma laje bem ajeitadinha, onde podemos colocar uma rede, alguns vasos e até fazer um churrasquinho. Lá, podemos ver o céu, sentir o sol ou tomar chuva se quisermos, o que nos faz sentir como se morássemos em uma casa com quintal. Adoro brincar com a Clara lá fora. Ela corre atrás dos cachorros, o Chico e a Gal, até eles ficarem cansados. Mas ela, não. Ela não cansa nunca. E, nesse dia, os dois cachorros ficaram na sombra, deitados de barriga para cima, enquanto ela só...

Escrivaninha amarela: revisitada

 Quando digo isso hoje, ninguém acredita, mas eu fui uma criança introvertida. Minhas três irmãs eram bem mais velhas que eu e logo saíram de casa para fazer faculdade, por isso costumo dizer que fui uma filha única com quatro mães. Além disso, meus pais haviam se mudado da sua cidade natal antes mesmo de eu nascer, então eu também não tinha nenhum primo da minha idade para brincar. E o que uma criança tímida, sem irmãos nem primos próximos, pode fazer, além de brincar sozinha? Pois bem, minhas atividades favoritas na infância eram ler, escrever, desenhar e pintar. Meus pais eram professores e desde cedo eu gostava de estudar. Adorava ajudar minha mãe a escrever os nomes dos alunos nas cadernetas novas a cada início de ano, enquanto escolhia o nome do aluno mais esquisito; ou ainda, a pendurar as folhas mimeografadas das provas que ela iria aplicar por todas as cadeiras disponíveis da casa, para que pudessem secar. Minha infância inteira teve cheiro de papel, tinta e álcool. Até qu...

Bridgerton

Esta semana terminei de assistir a terceira (e, pelo que entendi, a última) temporada de Bridgerton. Confesso que não tinha curtido muito as duas primeiras, mas acabei me rendendo por não conseguir parar as coisas pela metade. Além do mais, vamos combinar que é muito cômodo sentar no sofá e assistir algo que está ali disponível, quando você está sem fazer nada e cansada depois de um dia cheio de trabalho.  Na minha opinião, as duas primeiras temporadas tinham sido bem fúteis, mostrando a importância que se dava naquela época (e, por que não dizer, até hoje?) para a sociedade, para a moral e os bons costumes, para a superioridade do homem e para os dotes da família, sendo que tudo era apenas uma fachada... Uma época em que as fofocas eram apenas comentários maldosos nos bailes de luxo ou textos impressos em jornais, antes dos paparazzi ou até mesmo das fotos íntimas publicadas na Internet. Confesso que, mesmo para mim, Bridgerton sempre teve o seu valor. O cenário é lindo, o figurin...

Rápido e Devagar

 Recentemente, faleceu o famoso psicólogo israelense Daniel Kahneman, com exatos 90 anos de idade. Confesso que fiquei bastante triste quando ouvi esta notícia. Fazia apenas alguns meses que eu havia concluído a leitura de sua obra-prima, o livro “ Rápido e Devagar ” (em inglês:  Thinking, Fast and Slow ), que, por sinal, eu li beeem devagar (desculpem-me o trocadilho). Kahneman, apesar de ser um psicólogo, ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2002, por sua contribuição sobre a tomada de decisão em investimentos baseada no comportamento humano . Sua principal conclusão é que nossa mente frequentemente toma decisões baseadas na emoção, inclusive quando se trata de investimentos financeiros, e esse comportamento pode nos levar a tomar decisões financeiras equivocadas. Essa teoria é baseada no funcionamento do nosso cérebro, em que duas formas de pensar coexistem: o Sistema 1, rápido e intuitivo; e o Sistema 2, devagar e racional .  O Sistema 1 existe para que possamos toma...

O trabalho não é o trabalho

Já que esta semana estou na "vibe do trabalho", aqui vai mais um post sobre este tema... Recentemente, ouvi o episódio " O trabalho não é o trabalho ", do podcast Boa Noite Internet, e passei a refletir sobre minha própria situação profissional. Cito abaixo alguns dos meus insights .  O trabalho é só o trabalho Assim como o Cris Dias, também sempre tive inveja daquelas pessoas que sabiam o que queriam fazer desde crianças, que nunca se imaginaram fazendo outra coisa ou que até hoje dizem sem nenhuma hesitação que amam o seu trabalho. Também nunca sei o que escrever quando preencho o campo de profissão em algum formulário. Às vezes digo que sou "Bacharel em Ciência da Computação", que é a minha formação universitária; em outras, coloco "Gerente de Projetos", cargo com o qual me identifico profissionalmente; ou ainda, simplesmente escrevo "Analista de Sistemas", que é o que as pessoas irão entender.   Para mim, o trabalho é só o trabalho...

Quiet retiring

 As definições de ambição foram ressignificadas.  Depois do quiet quitting (quando o funcionário faz o trabalho mínimo possível do seu job description, sem se esforçar em fazer nada mais), do quiet firing (quando a empresa cria condições de trabalho insustentáveis para que o próprio funcionário peça demissão), entre outras tendências silenciosas, inventei o termo  quiet retiring para descrever o meu momento de carreira atual.  Enquanto o quiet quitting e o quiet firing  podem ter algumas conotações negativas, como a falta de motivação do funcionário por não querer ir além, ou talvez a falta de ética da empresa por não demitir um funcionário que já não está correspondendo às suas expectativas, o quiet retiring é simplesmente um desejo de não fazer mais tantas movimentações de carreira até que eu possa me aposentar. Talvez esta expressão tenha algumas características do quiet ambition , adotado pela Geração Z, que atualmente está rejeitando carreiras de ...

Por um ambiente de trabalho mais inclusivo para as mulheres

Ontem, participei de um painel em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, em que debatemos sobre os desafios que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho e sobre como podemos criar um ambiente mais inclusivo para elas.  O fato é que, mesmo depois de tanta evolução, as mulheres ainda são consideradas cuidadoras da família, enquanto os homens, provedores.  Por este motivo, elas dedicam mais tempo que os homens nas tarefas domésticas e eles possuem mais oportunidades na carreira.    Acredito que até hoje a mulher precisa decidir entre focar na carreira ou na família, principalmente quando ela tem filhos. Isso porque, se ela quiser chegar a um cargo executivo, precisará se dedicar muitas horas ao trabalho e ficar mais tempo longe de casa, o que significa delegar o cuidado dos filhos para a avó, o marido, a babá ou a escolinha.  Outra opção comum nas famílias com mais recursos financeiros é que elas acabam abrindo mão de suas carreiras por um período para se...

A overdose de Pesquisas de Satisfação

Não sei vocês, mas eu estou tendo uma overdose de pesquisas de satisfação… Desde o início dos anos 2000, quando comecei a aprender sobre pesquisas de satisfação nas aulas de marteking, muita coisa mudou. Naquela época, já se falava sobre entender as necessidades do cliente, porém em um nível muito mais amplo. As pesquisas eram bem genéricas, e as poucas empresas que sabiam ouvir o cliente eram tratadas como cases nas escolas de negócio.  Já hoje, recebo pesquisas de satisfação toda vez que compro qualquer produto (em lojas físicas e online), ou que abro qualquer chamado no atendimento de uma empresa. Esses dias, recebi a pesquisa do atendimento antes mesmo do chamado ter sido respondido! Até nas minhas assinaturas do petshop, da farmácia ou do mercado, recebo um e-mail mensal, perguntando o que eu achei do mesmo produto. Nos restaurantes, o que antes era uma pergunta genérica do garçom sobre a qualidade da comida, se transformou em um tablet com mais de 20 perguntas que devo respon...

Caroço de pêssego

 O casamento estava perfeito Os noivos juraram amor eterno Meu namorado e eu éramos mais um casal apaixonado De repente, alguém apareceu E ela não estava convidada  para a minha festa Ele se esqueceu de mim Só tinha outros olhos Seus amigos me consolavam Mas no fundo me entendiam E eu, não fiz absolutamente nada Não tive nenhuma reação Mas, naquele momento A festa acabou para mim e o namoro também. Éramos um casal apaixonado  e ela não estava convidada Mas ele só tinha outros olhos  e a festa acabou para mim

Aniversário de São Paulo

Hoje, a cidade onde moro há 24 anos, faz aniversário. Quando era pequena e morava no interior do estado, dizia que nunca iria morar aqui. São Paulo, para mim, era perigosa, fedida e caótica.  Não sei se eu escolhi ou se fui escolhida quando vim pra cá. Talvez, eu tenha até sido engolida. Mas, na época, não via outras opções de trabalho. Apesar de algumas idas e vindas, acabei ficando por aqui e me acostumei. Com o trânsito, com a insegurança, com todo esse caos. E, em algum momento, acabei até passando a gostar... O tempo em São Paulo passa muito mais rápido do que nos outros lugares. Qualquer compromisso, como uma ida ao supermercado ou a uma consulta médica, demora no mínimo algumas horas.  Nossa noção de espaço também se transforma. Tudo aqui é mínimo, tudo é apertado. Moramos em apartamentos minúsculos, mesmo nos bairros superfaturados. E as pessoas? Estão sempre apressadas, sempre atrasadas, sempre estressadas. Temos medo de conversar com alguém na rua, de dar bom dia par...

O poder da visualização

  Estou em uma linda floresta Os raios de sol refletem a manhã que se inicia  entre as árvores. As gotas de orvalho brilham  sobre as folhas verdíssimas E brisa suave balança   seus galhos mais delicados.   Caminho descalça pelo chão Ora de terra, ora de grama ora de musgo Mas sempre macio e confortável.  Observo a natureza  as folhas que crescem  no tronco das árvores E tudo me fascina. Vejo flores de diversas cores Abelhas sugando seu néctar E borboletas voando  como se dançassem balé.  Pequenas plantas crescem lindamente ao redor da trilha Como se tivessem sido planejadas por um paisagista. Respiro fundo  esse ar refrescante Sinto o cheiro puro do mato das flores e da manhã. Escuto o canto dos pássaros o som dos dos grilos e cigarras Ouço a água correndo e logo encontro um riacho.   Coloco o pé na água cristalina Lavo meu rosto, minha nuca E bebo da água  fresca e potável.  Sinto meus pés tocando as pedrinhas,...

Amizade

  Amizade é: Amor misturado com felicidade Um amor que se escolhe Que se conecta E se identifica Amizade não tem cor Mas tem gosto de chocolate E cheiro de hortelã Amizade não tem idade Não tem hora nem lugar Amizade não tem explicação Mas tem saudade E tem cuidado Amizade é um sentimento fraterno Por quem não é o seu irmão É pedir colo A quem não é a sua mãe Amizade é abrir a geladeira É colocar o pé na mesa de centro É emprestar a roupa que você mais gosta Amizade é liberdade É carinho É amor.