Era domingo, dezembro de 2023. O calor de Beagá, em pleno verão, estava insuportável. O dia estava até mais silencioso, mesmo para um domingo. E eu estava em casa, suando em bicas e tentando arrumar o que fazer com uma criança de 3 anos, cheia de energia.
Moramos em um apartamento pequeno de dois quartos, mas que possui uma área externa bem espaçosa,
por ser no último andar do edifício. Nem posso chamar de cobertura, pois nesse caso, você estaria pensando em um apartamento de alto padrão. Mas posso dizer que o que temos é uma laje bem ajeitadinha, onde podemos colocar uma rede, alguns vasos e até fazer um churrasquinho. Lá, podemos ver o céu, sentir o sol ou tomar chuva se quisermos, o que nos faz sentir como se morássemos em uma casa com quintal.
Adoro brincar com a Clara lá fora. Ela corre atrás dos cachorros, o Chico e a Gal, até eles ficarem cansados. Mas ela, não. Ela não cansa nunca. E, nesse dia, os dois cachorros ficaram na sombra, deitados de barriga para cima, enquanto ela só queria brincar. “Vem brincar, Chicão”, dizia ela. Mas ele só levantava as orelhas e continuava deitado. “Vamos, Gal, pega a bolinha!”. Ela olhava para cima, mas continuava lá, na sua sombrinha, sem se mexer…
Clara ficou inconformada! Por que os cachorros, que eram praticamente seus irmãos, não queriam brincar com ela? E então, se virou para mim e disse a frase que mais tememos: “Mamãe, do que vamos brincar?”
Quem é mãe precisa ter muita criatividade para inventar brincadeiras com os filhos. Às vezes, temos uma ideia mirabolante e a criança acha tudo aquilo muito chato, enquanto outras vezes, as ideias mais simples se tornam um sucesso. Felizmente, foi o que aconteceu nesse dia. Tentando distrair a Clara e me livrar do calor ao mesmo tempo, recorri à piscininha de plástico que a Clara usava quando era pequena. Colocamos nosso maiô, enchi a piscina com água da torneira, que estava praticamente morna e… quando a Clara entrou, a água não chegou nem na altura do seu joelho.
“Ah, mamãe, mas essa piscina é de bebê! Não tem graça.” Foi aí que eu peguei um saco de bolinhas de plástico coloridas, joguei todas de uma vez dentro da piscina e disse: “Pronto filha, agora você tem uma piscina de bolinha! Mas essa é uma piscina de bolinha de verdade, porque além das bolinhas, ela também tem água”.
Pronto. Acertei em cheio! Os olhos da Clara brilharam de satisfação, pois ela tinha um brinquedo inédito. Entrou novamente na água rasa, jogando água e bolinhas para cima, abriu os braços e deu o maior sorriso do mundo, com o rosto iluminado pelo sol. E eu, abri minha cadeira de praia e fiquei ali, contemplando aquela cena e me achando a melhor mãe do mundo, enquanto tomava sol tranquilamente.
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