Hoje, a cidade onde moro há 24 anos, faz aniversário. Quando era pequena e morava no interior do estado, dizia que nunca iria morar aqui. São Paulo, para mim, era perigosa, fedida e caótica.
Não sei se eu escolhi ou se fui escolhida quando vim pra cá. Talvez, eu tenha até sido engolida. Mas, na época, não via outras opções de trabalho. Apesar de algumas idas e vindas, acabei ficando por aqui e me acostumei. Com o trânsito, com a insegurança, com todo esse caos. E, em algum momento, acabei até passando a gostar...
O tempo em São Paulo passa muito mais rápido do que nos outros lugares. Qualquer compromisso, como uma ida ao supermercado ou a uma consulta médica, demora no mínimo algumas horas.
Nossa noção de espaço também se transforma. Tudo aqui é mínimo, tudo é apertado. Moramos em apartamentos minúsculos, mesmo nos bairros superfaturados.
E as pessoas? Estão sempre apressadas, sempre atrasadas, sempre estressadas. Temos medo de conversar com alguém na rua, de dar bom dia para nosso vizinho, de ajudar alguém que está perdido, ou ainda, de pedir direções quando nós mesmos estamos perdidos.
Mas, no fundo, não deveríamos nos acostumar com tudo isso, não é mesmo? Não deveríamos nos acostumar com o que não nos faz bem.
Nos últimos três anos, com o trabalho remoto, muita gente saiu de São Paulo, e eu também comecei a repensar se gostaria de continuar aqui. E então, depois de me acostumar com toda essa rotina, meu desejo agora é de voltar para o interior. Ainda estou me preparando para esta mudança, mas hoje já me imagino morando em uma casa ampla, com muito mais qualidade de vida.
Além disso, sinto que neste período a violência aumentou, o trânsito aumentou e tudo ficou mais caro. Está cada dia mais difícil viver aqui e esse novo patamar está se tornando "normal” de novo. Mas, como eu já disse, não podemos nos acostumar com isso...
Portanto, o que eu desejo para São Paulo neste aniversário é que possamos retornar aos nossos valores originais de tempo, de espaço e de qualidade de vida. Que a cidade se torne mais habitável e mais tranquila, e as pessoas cada vez mais humanas.

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