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Quiet retiring

 As definições de ambição foram ressignificadas. 

Depois do quiet quitting (quando o funcionário faz o trabalho mínimo possível do seu job description, sem se esforçar em fazer nada mais), do quiet firing (quando a empresa cria condições de trabalho insustentáveis para que o próprio funcionário peça demissão), entre outras tendências silenciosas, inventei o termo quiet retiring para descrever o meu momento de carreira atual. 

Enquanto o quiet quitting e o quiet firing podem ter algumas conotações negativas, como a falta de motivação do funcionário por não querer ir além, ou talvez a falta de ética da empresa por não demitir um funcionário que já não está correspondendo às suas expectativas, o quiet retiring é simplesmente um desejo de não fazer mais tantas movimentações de carreira até que eu possa me aposentar.

Talvez esta expressão tenha algumas características do quiet ambition, adotado pela Geração Z, que atualmente está rejeitando carreiras de liderança, por estarem associadas a mais horas de trabalho, a mais estresse e a mais responsabilidades. Mas, como representante da Geração X, não ouso dizer que sou adepta à ambição silenciosa, considerando que tenho mais de 20 anos de carreira e já atuo em uma posição de liderança. 

Tudo bem que com a recente Reforma da Previdência, ainda faltam uns 20 anos para eu conseguir a minha aposentadoria. Mas, até lá, assim como os Gen-Z que estão no início de suas carreiras, não tenho mais tantas ambições de escalar a hierarquia corporativa quanto eu tinha antigamente. Da mesma forma, também não pretendo buscar um novo emprego apenas para ter um salário e um cargo maior. O que mais importa para mim neste momento é qualidade de vida e o ambiente em que trabalho.

Acredito que passei a pensar assim depois que quase tive um burnout, há alguns anos atrás. Depois disso, passei a repensar a minha carreira e a questionar se eu realmente queria continuar no ambiente corporativo. Mudei algumas vezes de emprego, fiz coaching de carreira (o que me abriu muitas portas), e acabei decidindo continuar na mesma profissão, como Gerente de Projetos de Tecnologia da Informação. 

E posso dizer que adoro o que eu faço. Me me encontrei como Gerente de Projetos, por ser uma área em constante mudança e por aprender algo novo todos os dias. Estou em uma posição que me satisfaz e recebo um bom salário que me permite fazer as coisas que gosto, como viajar, encontrar meus amigos, sair para jantar, etc. Portanto, não preciso de nada mais que isso para ser feliz profissionalmente. Não preciso de um salário maior nem um cargo mais alto. Não preciso de luxo nem de poder. 

Só quero continuar me desenvolvendo, me desafiando e fazendo o meu melhor a cada dia. E o que vier daqui pra frente, será consequência do meu trabalho e não simplesmente o resultado da minha ambição. Até que eu possa me aposentar... 

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