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As cores da vida

"Eu costumava achar que eu era a pessoa mais estranha do mundo, mas logo pensei: tem muita gente no mundo. Tem que ter alguém como eu, que se sinta bizarra e imperfeita, da mesma maneira como eu me sinto". 

 A frase acima é de Frida Kahlo, uma das pintoras mais reconhecidas no mundo. Ela não se enquadrava nos padrões de beleza mas, mesmo assim, todos se apaixonavam por ela! Homens e mulheres se sentiam atraídos pela sua personalidade exótica, pelas suas roupas coloridas e pela sua irreverência. 

Hoje em dia, além de ser eternizada em suas obras, tornou-se também uma figura comercializada em tantos pôsteres, camisetas, canecas e outros objetos, que exibem suas fotos e frases de forma deliberada. 

Mas me pergunto se toda essa gente que usa as estampas de Frida realmente sabem quem foi essa personalidade, além das sobrancelhas unidas. Mais que uma pintora surrealista, foi feminista, comunista e nacionalista, entre muitas outras coisas. Era ousada e seu comportamento estava muito à frente da sua época. Seu relacionamento com Diego Rivera, regado a traições mútuas, era uma mistura de amor, paixão, admiração e dependência. Sua saúde, sempre delicada, foi tema de muitas de suas obras. E sua paixão pela arte foi o que a ajudou a superar todas essas dores.

Mas não estou aqui para falar sobre a vida de Frida. Minha admiração por ela vem desde que assisti ao filme de 2002, com Salma Hayek. Fiz também um tour virtual pelo museu La Casa Azul, onde a artista viveu por muitos anos, na Cidade do México. E, recentemente, li o livro Frida Kahlo e as cores da vida, que me fez reviver a trajetória dessa mulher tão admirável.

Foi nesse livro que me deparei com essa frase, que me fez pensar sobre como todos nós, homens ou mulheres, altos ou baixos, gordos ou magros, brancos ou pretos, homos ou héteros, certamente teremos este tipo de pensamento em algum momento de nossas vidas. Seja por questões estéticas ou emocionais, seja por comportamentos ou características físicas, algum dia estaremos nos perguntando se alguém mais se sente como nós...

E a resposta será sempre sim! Sempre haverá alguém com quem possamos compartilhar nossos pensamentos e angústias, sempre haverá alguém que irá nos entender. E a melhor forma de descobrir isso é através da conexão com as outras pessoas. Quando nos mostramos vulneráveis, percebemos que não estamos sozinhos e passamos a nos aceitar mais. 

Frida foi um exemplo em muitos sentidos. Mas mal sabia ela que, em tempos de redes sociais, quando todos precisam ser encaixados em um padrão social, este pensamento ainda seria tão atual. 

Que possamos nos inspirar em Frida para nos sentirmos felizes como somos. Que possamos permitir nossas imperfeições e cada vez mais nos sentirmos parte deste mundo. 

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