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Meu primeiro retiro

Apresentação 

Cheguei aqui já querendo vir de novo… Que lugar lindo! Que paz! Que natureza! Pena que não podemos tirar fotos, mas posso dizer que é muito mais bonito pessoalmente do que as fotos que eu tinha visto antes no site (e que coloquei aqui nesse post para complementar minha descrição). 

O João me apresentou o campus e logo fui para a primeira sessão de meditação. A viagem de ida havia sido bem estressante, com muito trânsito e caminhos alternativos, então eu já estava precisando relaxar! 

Sala de meditação

São três meditações por dia (às 7h, 12h e 19h), feitas em total silêncio e sem nenhuma condução. Só se ouvem os grilos, os pássaros e o barulho da chuva, que nos acompanhou durante todo o fim-de-semana. 

As meditações são sempre seguidas de uma refeição (desjejum, almoço e jantar). Além disso, também é servido um lanche às 16.30h, para dar aquela aquecida no coração com um chá quentinho. A alimentação é ovolactovegetariana, com algumas opções veganas, e tudo é uma delícia. 

Centro Comunitário


O frio está muito pior do que eu esperava. Não imaginei que precisaria incluir cachecol e gorro na mala, em pleno verão. Ainda bem que trouxe uma mantinha, pois acabei andando com ela por todos os lados durante o fim-de-semana.

Fiquei em dúvida se deveria vir para o Viver em Grupo (VG) ou para o Retiro Espiritual Individual (REI), mas acabei escolhendo o VG porque incluía diversas atividades em grupo. Acredito que fiz a escolha certa para o meu primeiro retiro, pois temos várias experiências e conhecemos o campus. Mas já estou pensando em vir novamente este ano para fazer o REI... 

A expectativa é grande, quero ficar o máximo possível em silêncio, aproveitar tudo o que eu puder e fazer coisas diferentes do que estou acostumada. E agora vocês me dão licença porque já são quase 22h e vou dormir. De agora até às 8h devemos fazer silêncio absoluto.


Vivência 

Hoje o dia começou cedo. Acordei às 5.30h para fazer uma aula de yoga e de lá segui para a meditação das 7h e para o desjejum, ainda em silêncio. O único som era o das barrigas roncando, e a minha também já estava dando vários sinais de fome. 

Dormi com tantas mantas que não conseguia nem me mexer! Acordei de madrugada na mesma posição, morrendo de calor e lembrando de sonhos bizarros.

Sonhei que estava indo de bicicleta em um bar de salsa, e dois caras queriam me roubar. Paramos em um café e eu voluntariamente ofereci o troco para eles - praticamente um roubo autorizado. Depois peguei um táxi até o bar e o motorista era um tiozinho dirigindo um carrão bem antigo, em forma de banheira. 

Ainda sonhei que estava no retiro, mas quando acordei tinha mais gente dormindo no quarto comigo. Acordei de madrugada e era um silêncio absoluto. 

Depois do desjejum, fomos para o labirinto fazer a abertura do dia. Inspire o aqui, expire o agora.


Labirinto

Para a atividade da manhã, escolhi ajudar na limpeza da biblioteca. Foi uma atividade contemplativa, focada no momento presente. Tirar os livros das estantes, limpá-los com álcool e canela e devolvê-los para o mesmo lugar. Aproveitei para obter vários insights nos livros que folheei e também na partilha em grupo. 

O silêncio não é transparente. Ele é ambíguo como as palavras. O silêncio não fala, ele significa. É pois inútil traduzir o silêncio em palavras. O silêncio não é a ausência de palavras.
       As formas do silêncio (Eni Puccinelli Orlandi) 


Antes de cada vivência, fazemos uma apresentação sobre o que nos levou ao Nazaré, o que estamos buscando e o que esperamos encontrar aqui. Depois da vivência, vem a partilha, quando podemos falar de forma voluntária sobre nossos aprendizados e nossas sensações durante aquela atividade. 

Tudo é harmonizado após o uso. A louça, lavada individualmente e devolvida no mesmo lugar. As salas, limpas e organizadas após cada aula. 

Nos ambientes fechados, usamos máscara. Os sapatos ficam sempre do lado de fora das salas e dos quartos e o dress code é legging, camiseta, meia antiderrapante e crocs. A Malu teve até um pé do crocs roubado enquanto dormia, e logo descobrimos que o príncipe encantado na verdade era a cachorrinha que morava por ali. 🐶

De lá, parei na Sala Mandala, onde pintei uma linda mandala de corujinha, enquanto ouvia a aula de cosméticos que acontecia na sala ao lado. Mais uma vez, me inspirei com várias frases que acompanhavam as figuras... 

O impossível é só uma questão de opinião. 
Sinto a liberdade quando deixo de controlar. 
A dúvida traz a iluminação. Não precisa ter uma resposta para tudo.
A minha vida é perfeita aqui e agora. Espero o melhor e aceito o que vier. 
Com calma eu aprecio as coisas boas da minha vida.


O almoço foi maravilhoso. Strogonoff de carne de soja, batata canoa, milho refogado e shimeji. Tudo delicioso e colhido na própria horta. Pensei que teria tempo de descansar, mas fui ajudar na harmonização da louça e depois ainda fiz uma parada beeeem demorada na lojinha, que me levou à falência múltipla dos cartões. Saí de lá com uma sacolinha cheia de livros, sabonetes, roupas e bijus.

A dinâmica da tarde foi deliciosa. Fizemos nosso próprio amuleto auspicioso para 2023, escolhendo ervas, cores e elementos da natureza de acordo com o seu significado. Ao som de uma música relaxante, foi uma meditação ativa. 

Sala Shakti

Meu amuleto incluiu alecrim para a espiritualidade, manjericão para o amor, cravo para a boa sorte, canela para saúde e fertilidade e lavanda para manter a calma. Escolhi cores azuis e tons pastéis, que simbolizam o aprendizado, a inteligência e a imaginação do ar; e o branco da água para flexibilidade, amor e alegria.

Tente perceber as mensagens escondidas nas entrelinhas dos acontecimentos. Você tem muito mais poder do que quer acreditar.

Para fechar com chave de ouro, ouvimos a música do Marcelo Jeneci e choramos de de mãos dadas... 


Depois de tanta emoção, só um chá com pão-de-queijo vegano e sorvete de banana com cacau para nos curar! 
Aí sim, consegui parar um pouco para tomar um banho e descansar. Li, dormi, fui para a meditação das 19h... e já era hora de comer de novo.

Depois do jantar, debutei na dança circular. A música da Ivete Sangalo é outra que terá outro significado a partir de agora. Foi simplesmente demais. 


E agora... a dormir!



Partilha


Já chegou o dia de ir embora... Na meditação da manhã eu estava muito desconcentrada. Meus pés estavam dormentes e minhas costas não estavam confortáveis.

De manhã fizemos um passeio na horta e fomos até a represaTudo feito sempre com calma, sem pressa. Desfrutando o momento, sentindo os cheiros e provando as texturas. 

Quarto individual

Realmente esse lugar é impressionante. Tudo funciona, mesmo sem hierarquia. Tudo é lindo, simples e muito bem cuidado. 

A última partilha foi especial. O fechamento do ciclo. Gente indo, gente vindo, a saudade já batendo... 

Gente que vem de longe, gente que mora aqui. Gente que usa muitas estampas e camadas. Gente que escreve poesias, que tem o dom da palavra. Gente com perdas, separações, problemas de saúde e até luto. Cada um com a sua história de vida, com a sua bagagem.

Viver em grupo é um paradoxo. Ao mesmo tempo em que não conseguimos viver sozinhos, é extremamente desafiador se relacionar com os outros.


Meditei no jardim, ao som dos pássaros, abelhas e cigarras - e até de cachorros, galinhas e crianças. Vi um tucano, um esquilinho e muitas flores lindas.

É hora de de fazer a última refeição e me despedir.

Estou voltando para casa energizada, com várias perguntas respondidas e muitas outras dúvidas novas. Mas sei que encontrei a paz, a calma e o silêncio que eu estava buscando. 

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