Recentemente, li dois livros de Monja Coen sobre o zen-budismo: Aprenda a viver o agora e Zen para distraídos, ambos disponíveis no Kindle Unlimited.
Fiquei bastante impressionada com os ensinamentos dessa doutrina, com a maturidade das pessoas que a praticam e com a capacidade que eles têm de pensar sempre no bem ao próximo. Claro que eu estava tendo essas referências de uma monja mas, mesmo assim, é uma lição de altruísmo e desapego.
Fui batizada na igreja católica e até hoje pratico a religião moderadamente, mas também tenho afinidade com o espiritismo e, recentemente, com o budismo, depois que comecei a praticar yoga e meditação.
Portanto, resolvi consolidar aqui algumas lições do zen-budismo que aprendi com os livros da Monja Coen, e que acredito que, independente da sua religião, são práticas importantes para vivermos em um mundo melhor.
Conceitos básicos
Primeiramente, vamos a alguns conceitos básicos.
O zen-budismo é uma doutrina japonesa baseada na prática da meditação sentada, ou do zazen. Um instante zen é um instante de paz e de compreensão, portanto a prática do zen é a prática da meditação em silêncio para se chegar a este espírito de paz.
A meditação é um exercício para a mente, assim como os exercícios físicos são para o corpo. Através da prática da meditação, você treina a sua mente a encontrar um estado de equilíbrio e a escolher pensamentos, atitudes e respostas adequadas para os seus desafios do dia-a-dia. Através da respiração consciente, em silêncio e com atenção plena, você pode chegar no instante zen.
O zen é uma postura de vida, é estar sempre presente para agir em prol do bem coletivo. É atingir um estado de paz e tranquilidade chamado nirvana.
Foque na atenção plena
Mindfulness ou atenção plena é a capacidade de concentração enquanto você realiza suas atividades. É estar presente enquanto você toma banho, sentindo a temperatura da água. É sentir a textura do tecido em sua pele enquanto você troca de roupa. É prestar atenção nos sabores da sua comida durante as refeições.
Quando realizamos nossas atividades corriqueiras de forma automática, não prestamos mais atenção no que estamos fazendo. Para praticar a atenção plena, precisamos sair do piloto automático.
Caminhe por ruas diferentes, comece o banho a cada dia por uma parte diferente de corpo, sinta o aroma da comida enquanto cozinha. Aprecie o momento presente.
Não perca a oportunidade de fazer deste instante um instante zen.
Reconheça a transitoriedade
Não há nada fixo neste mundo. Todas as coisas são impermanentes, transitórias. A realidade é passageira e o que fazemos, falamos e pensamos é o que transforma essa realidade.
Tudo o que acontece tem um sentido. O que aconteceu até agora é apenas uma preparação para o que irá acontecer. E a cada instante, estamos criando novas possibilidades para o que pode acontecer no futuro.
A vida é a soma de todas as experiências vividas que nos trazem para este agora. Portanto, não reclamo do passado, pois ele me trouxe até este momento. E este momento é o ponto de partida para o momento seguinte. Minha transformação é aqui.
O zen é encontrar a paz e a tranquilidade em meio a essa transitoriedade.
Faça o bem sempre
Tudo está interligado a absolutamente tudo o que existe. Estamos interconectados com todas as coisas, e tudo o que fazemos aos outros volta para nós como um bumerangue. Reconhecer essa interdependência entre tudo o que existe pode mudar as respostas que damos ao mundo.
Faça o bem a todos os seres. Perceba que todos os seres também estão fazendo o bem a você. Seja gentil com você mesmo. Tenha um olhar de bondade para as coisas à sua volta e se inspire com pessoas honestas. Respeite a si mesmo e a todos os seres.
Como disse Mahatma Gandhi, seja a transformação que você quer ver no mundo.
Não espere nada em troca, esteja disponível para os outros e tenha persistência. Não desista de você e não desista das outras pessoas, pois elas são preciosas, sagradas.
Aprecie cada instante, pois a vida é feita de instantes sucessivos e tão rápidos que dão a impressão de continuidade, mas cada instante é único.
Acesse o seu "eu maior"
Quando pensamos com o nosso "eu menor", estamos focados no nosso ego, naquilo que queremos, que pensamos ou que achamos que tem que ser. Nos deixamos contaminar pelas coisas menores e superficiais, que visam apenas ao benefício próprio. Nos achamos o centro das atenções, queremos levar vantagem e competir com as outras pessoas.
É preciso acessar o nosso “eu maior”, sair do nosso egocentrismo e pensar não somente em um bem individual. É preciso perceber que tudo está interconectado, e que nossos pensamentos, palavras e ações devem estar baseados no bem coletivo. Fazer o bem é não esperar nada em troca. É fazer o bem pelo bem, não por medalha, mérito ou dinheiro.
O zen-budismo prega que, através da meditação, podemos acessar o nosso "eu maior". Meditar é encontrar o equilíbrio entre o nosso "eu menor" e o "eu maior".
Acessar o seu "eu maior” é conectar-se com algo que é muito maior do que esse "euzinho".
Não tente controlar seus pensamentos
Todos pensam que meditar é limpar a mente, controlar os nossos pensamentos. Entretanto, nada disso é possível. Meditar é sentar-se e prestar atenção na nossa respiração, sem se importar com o controle dos pensamentos. Apenas deixar os pensamentos fluírem, sem dar atenção.
Aceite, entregue, confie e agradeça.
Da mesma, forma, na sua vida, não se agarre ao sofrer. Deixe-o passar. Não dê tanta importância aos pensamentos prejudiciais, mas procure dar luz aos benéficos, como o canto dos pássaros, o pôr-do-sol, o cheiro da chuva...
Quando tudo se cala, entramos em contato com o sagrado.
Agradeça todos os dias
Agradeça todos os dias por estar vivo. Sorria sempre que o despertador tocar e aprecie seu dia. Se estiver sol, ótimo, se estiver chovendo, tudo bem também.
Quando alguma coisa não der certo, ou não for como você gostaria que fosse, entenda que virão outras oportunidades. Cada vez que você erra, estará mais próximo do acerto, ao invés de mais distante.
Não desista. Mantenha-se firme e forte, porque a vida é assim mesmo: falhamos algumas vezes, mas vamos nos transformando.
Não reclame
A arte do zen é sobre as respostas que você dá às provocações da vida. Por isso, em vez de reclamar, aprenda a apreciar sua vida. Em vez de se irritar com as coisas que acontecem, tome atitudes que possam levar a um caminho de transformação. Transforme energias prejudiciais em energias benéficas.
Não existe azar nem sorte. O que não parece perfeito em um momento pode ser perfeito na grande travessia da vida. Se não está dando certo, se não está funcionando, é como é.
Não se acomode
Faça o seu melhor para ser cada vez melhor. Tente ir além do seu limite para atingir o seu objetivo e aprecie o desafio, sem reclamar.
Seja flexível para se readaptar ao que o mundo trouxer. Isso não significa que você não tenha planejamento ou objetivos. Mantenha o foco em seus propósitos. Abra o coração para aquilo que é possível, crie possibilidades e pense que vai dar certo.
Não há permanência nem estabilidade. O que se é neste momento, daqui a um segundo estará diferente, assim como você. Não se agarre a determinado comportamento com a desculpa do “eu sou assim mesmo”.
Não fale mal dos outros
Pare de falar mal dos outros! Este é um princípio básico do budismo para que você tenha uma vida feliz. Pense no que há de bom naquele ser humano.
Transforme sua raiva em compaixão pelo outro. Isso não significa aceitar ser maltratado, e sim não reagir com agressão ou violência. Será muito pior se você brigar com ela.
As pessoas que provocam você são seres iluminados a alertá-lo para não se desviar do Caminho, para que você desenvolva a compaixão e o respeito para com todos os seres.
Não julgue
Geralmente, amamos aqueles que compartilham as mesmas ideias que nós, enquanto rejeitamos aqueles que têm ideias diferentes.
Aprenda a ouvir sem críticas ou julgamentos. Pense nos outros sem discriminação ou preconceito. Não somos donos da verdade e não podemos pensar que só nós estamos certos. Abra mão dos seus pensamentos inflexíveis.
Aprenda a dizer não
Precisamos aprender a falar com as pessoas sobre o que não concordamos de forma assertiva, na hora certa.
Deixe claro os seus limites, fale sobre o que você não concorda da maneira correta. Escolha que tipo de resposta deve ser dada ao mundo. Não é reagir, mas agir. Não é fazer mal ao outro.
Espero que você tenha uma vida feliz!
Comments
Post a Comment