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Rivotril

Há 10 dias, comecei a tomar Rivotril pela primeira vez na vida. Já até havia comprado uma vez, mas não tive coragem de tomar, por medo de ficar viciada. Desta vez, além da insônia, estou tendo diversas crises de ansiedade já há algum tempo, então encarei a dose mínima sublingual e fui dormir feliz. 

Já havia falado aqui anteriormente sobre antidepressivos no post Tomar ou não tomar? Eis a questão! De lá pra cá, já se passou mais de um ano e novamente eu tentei parar de tomar o tal remedinho da felicidade. Fiz o desmame certinho, com acompanhamento médico por vários meses, de forma bem conservadora. Afinal, eu estava me sentindo muito bem, e quando a gente se sente assim, não tem vontade nenhuma de tomar remédios. Acha que sobrevive bem sem eles quando, na verdade, estamos bem justamente por causa deles.  

Mas, um mês depois de parar, já comecei a ter sintomas de abstinência. Comecei a ter crises de choro sem motivo, a ficar mais irritada e mais sensível ao mesmo tempo. De volta à consulta com a psiquiatra dois meses depois, ela me disse: "Você não é dependente do remédio, consegue viver sem ele, mas não vai ter tanta qualidade de vida". E então, eu escolhi a qualidade de vida.

Escolhi voltar a tomar antidepressivo, escolhi não ficar sofrendo se existe um tratamento para isso. Da mesma forma que também escolho tomar um analgésico quando tenho dor de cabeça, ao invés de ficar com dor. 

Ainda bem que tomei esta decisão, pois alguns meses depois, minha ansiedade voltou à tona. Começou há uns dois meses, quando 2023 começou e eu me vi com novos projetos, novas metas pessoais para cumprir, muitas coisas que eu queria fazer e muitas dúvidas pipocando na minha cabeça. Comecei a sentir tremedeira e taquicardia com frequência, além daquela sensação de que estou no topo da montanha russa, prestes a iniciar a descida. Nessas horas, involuntariamente eu inspiro e expiro bem forte, tentando provocar uma sensação de alívio.

Mas uma coisa em que eu sou boa é pedir ajuda. Além do Rivotril, aumentei a dose do antidepressivo e voltei a fazer terapia. Intensifiquei a frequência das aulas de yoga e da meditação. Foquei na alimentação saudável e nos exercícios físicos. Coloquei várias ações em prática no trabalho, como fazer pausas periódicas, incluir focus time na agenda para não passar o dia todo em reuniões online ou prestar mais atenção na reunião em que estou, ao invés de fazer outras coisas ao mesmo tempo. 

Enfim, estou tentando respirar, desacelerar e praticar o mindfulness durante as atividades do dia-a-dia, tais como comer, tomar banho ou escovar os dentes. 

Estas pequenas ações nos fortalecem e nos preparam para uma possível crise. Pois quando estamos no nosso limite, qualquer coisa pode virar um gatilho. Até mesmo durante minha viagem de Carnaval este ano eu estava me sentindo ansiosa. Nem precisou ser uma atividade estressante ou uma pressão adicional no trabalho para me deixar assim.  

Além dos exercícios físicos e da meditação, precisamos também encontrar outras coisas que nos deixem mais tranquilos. Pode ser uma música, um hobby, uma oração ou um mantra. No meu caso, coçar a barriguinha das minhas gatinhas ouvindo o ronron me relaxa. Pintar mandalas me acalma. Estar aqui escrevendo sobre isso me faz entender o que estou sentindo. 

Uma coisa é certa: já entendi que precisarei tomar antidepressivos para sempre, assim como quem toma remédios a vida toda para diabetes ou para pressão alta. E, se vale um conselho para os demais depressivos ou ansiosos, aqui vai a minha singela contribuição: não deixe de pedir ajuda! Converse com pessoas próximas ou com profissionais sobre o que vocês estão sentindo, mude a sua rotina para levar uma vida menos estressante e foque no seu autoconhecimento, para evitar as crises antes que elas aconteçam efetivamente. 

E seja muito feliz!!!

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