Uma vez, ouvi uma palestra do Leandro Karnal, que dizia que as pessoas não conseguem nem chegar a um consenso sobre o melhor lado para colocar o rolo de papel higiênico na parede, muito menos sobre temas mais sérios, como política e religião, que são muito mais subjetivos...
Experimente argumentar com alguém sobre o melhor lado para comer a coxinha, sobre falar biscoito ou bolacha ou sobre colocar o papel higiênico na parede! Cada um tem seu ponto de vista, sua justificativa, sua opinião. E acredita que aquela é a versão correta dos fatos.
Isso nos faz pensar que a minha verdade pode ser diferente da sua verdade.
No livro "Em busca de nós mesmos", o filósofo Clóvis de Barros Filho e o neurocientista Pedro Calabrez debatem que a verdade é individual e particular de cada um mas, mesmo assim, sempre acreditamos que o que pensamos é a verdade absoluta.
O mundo que eu vejo não é o mesmo que você vê.
O que vejo é uma construção da realidade feita pelo meu cérebro, ou seja, cada cérebro possui uma percepção diferente da realidade e verá o mundo de uma forma diferente. Aquela foto boba que saiu há algum tempo sobre o "vestido azul ou branco" me fez pensar muito sobre como vemos as cores: será que a cor que você enxerga é a mesma que eu enxergo? Eu simplesmente não conseguia entender como o meu pai e minha irmã enxergavam o vestido preto e azul e eu e minha mãe enxergávamos branco e dourado!
A indignação que senti nesse dia foi praticamente a mesma de quando alguém tem uma opinião muito diferente da minha sobre o bonito ou o feio, sobre votar em um candidato de esquerda ou de direita... E, da mesma forma, se não conseguimos nem enxergar as cores da mesma forma, como podemos querer que o outro tenha a mesma opinião que a nossa?
O que eu penso é diferente do que você pensa.
Outra coisa que nos perguntamos é se sentimos o mesmo que o outro. Será que meu namorado me ama com a mesma intensidade que eu o amo? Será que o que ele sente durante o orgasmo é mais ou menos intenso do que o que eu sinto? Talvez nas telas do cinema brasileiro um dia já foi possível olhar o mundo por outros olhos, como "se eu fosse você".
Mas a realidade é que nunca saberemos de verdade se o que eu sinto, vejo ou penso é o mesmo que você.
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