Não tenho tantas memórias de quando eu era criança. Nunca fui daquelas molecas que brincavam na rua, nunca fui arteira. Não tive nenhuma Barbie, mas brincava com a Nenezinho e com a Moranguinho, que tinha até cheirinho de morango. Me lembro que ganhei um Atari e adorava jogar Frostbite, aquele jogo do gelinho. E que, em algum Natal, ganhei vários jogos de tabuleiro de uma vez, e não queria parar de brincar com eles. Cara a cara, Banco Imobiliário e Lince eram alguns dos quais eu mais gostava.
Ah, e tinha também a escrivaninha amarela. Ficava na sala de televisão, e lá eu passava o dia inteiro. Ela tinha um porta lápis embutido, e uma gavetinha onde eu guardava alguns livros e cadernos. Minha escrivaninha era o meu brinquedo favorito, e é dela que guardo minhas melhores memórias de infância. Ela significava tudo o que eu mais gostava de fazer: ler, escrever, desenhar e pintar.
Como minhas irmãs eram bem mais velhas e já não moravam mais em casa, eu era praticamente filha única, e estava sempre procurando algum amigo para ir brincar em casa. Mas, na escrivaninha amarela, eu descobri que podia brincar sozinha! Viajava nos livros, nos desenhos e nos estudos. O tempo passava muito mais rápido e eu não ficava mais entediada.
Não me lembro quantos anos eu tinha quando tiramos a escrivaninha da sala. Deve ter sido só na adolescência, quando eu já não cabia mais nela e passei a ter uma mesa de estudos no meu quarto. Mas a alma daquela escrivaninha de criança, daquela escrivaninha amarela, ficou para sempre em mim. Meu gosto pela leitura e pelos estudos ainda faz parte da minha personalidade. E apesar dela não existir mais, continua sendo o meu brinquedo favorito.
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