No mês de maio, me inscrevi em um curso de Storytelling na Casa
do Saber. E me senti muito honrada de, em um dos dias do curso, participar ao
vivo da palestra do Clóvis de Barros Filho, que sem sombra de dúvidas, é um
ótimo contador de histórias. Já havia visto vários de seus vídeos, mas não me
considerava uma fã absoluta até então, o que mudou completamente após este dia.
Ele falou durante duas horas sem parar, sem beber água, sem
perder o link entre uma história e outra e, principalmente, sem nos cansar.
Ficamos todos vidrados em seu discurso, simples porém poético, com detalhes
impressionantes que faziam com que cada história ficasse ainda mais
interessante.
Discursou sobre como sua vida mudou quando passou a ser, não
só um professor universitário (e nas suas palavras, com um alto nível de
indigência), mas também um dos palestrantes mais conhecidos do país,
capaz de falar para grupos de diversos níveis sociais, intelectuais e
hierárquicos. E não importa o tempo da palestra ou o tamanho de sua plateia,
ele irá se adaptar a qualquer ambiente.
Clóvis falou sobre ética e moral, sobre o mundo corporativo
e sobre felicidade. Falou também sobre a vida que vale a pena ser vivida,
título de um de seus livros. Para ele, contar histórias é um recurso didático
tanto na sua vida de professor quanto na de palestrante.
Mas, dentre todos os seus temas, o que mais me chamou a
atenção foi sobre o conhecimento. Talvez pela minha natureza, sempre estudiosa e amante dos livros. Ou ainda por estar em um momento bem
eclético, aprendendo sobre diversos temas e
ampliando meu repertório em diversas áreas nunca antes imaginadas.
Para Clóvis, o aprendizado não deve ser uma punição ou sofrimento, como
é considerado por muitos, e sim um motivo de alegria e de prazer. E para que
seja considerado um prazer para o aprendiz, o novo tema deve fazer sentido e agregar
valor ao seu repertório atual.
Seu método de ensino baseia-se sempre na premissa de que o
ganho de conhecimento será sempre melhor absorvido pelo aprendiz quando ele
puder associá-lo ao seu conhecimento atual. E, principalmente, se houver também
um vínculo emocional com este novo conhecimento. E as histórias são
instrumentos poderosos de associação. Através de exemplos e metáforas, o
aprendiz pode captar muito melhor o que lhe está sendo ensinado.
Da mesma forma, a pior maneira de aprendizado é quando se
forma uma ilha cognitiva entre o repertório atual do aprendiz e o novo conteúdo.
Ele pode até decorá-lo por um curto período de tempo, mas se não percebe nenhum
ganho de conhecimento, não irá incorporá-lo ao seu repertório. O ganho será
muito mais eficaz quando houver associação.
Sendo assim, o professor deve começar sempre pelo que está
mais perto do repertório atual de seu aprendiz, e ir ampliando aos poucos até
chegar no tema que ele quer introduzir. E desta forma, o conhecimento será
absorvido naturalmente, através de associações cognitivas entre o novo conhecimento
e seu repertório atual.
E esse é o tipo de conhecimento que irá lhe proporcionar
mais prazer! É praticamente um vício, uma vontade de aprender sempre mais, de
incrementar infinitamente seu repertório, de indignar-se com o inútil, o banal,
o vulgar.
O aprendizado sempre se refere a sua interpretação do que
lhe foi ensinado, aquilo que você fez associações cognitivas de forma mais
eficaz. E esta foi a minha associação sobre a palestra de Clóvis Barros Filho.
Atualmente me vejo nessa espiral viciosa de conhecimento, cujo raio se aumenta
a cada dia e amplia minha zona de conforto.
Termino aqui com uma de suas frases que mais fazem sentido
para mim neste momento:
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