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O paradoxo da escolha

Todo mundo quer ter liberdade de escolha. Mas, hoje em dia, ter muitas opções não traz apenas felicidade.  

Você já parou pra pensar se era mais feliz quando tinha apenas 5 canais da TV aberta, ou hoje, quando você tem uma infinidade de filmes e séries em diversos streamings de vídeo diferentes para escolher?

Ou ainda, se você sabia o que queria ouvir quando tinha apenas 10 CDs e 25 fitas cassete gravadas em casa, ou hoje, quando tem uma assinatura de streaming de música, onde você pode escolher qualquer disco, de qualquer rimo, de qualquer cantor, qualquer país, idioma ou época?

Quando temos a possibilidade de múltiplas escolhas, a liberdade pode gerar ansiedade.

 

Se há muitas mesas disponíveis num restaurante, ficamos tão perdidos que não conseguimos nos decidir sobre onde queremos nos sentar. Da mesma forma, se há diversas vagas disponíveis em um estacionamento de shopping, por exemplo, ficamos dando voltas sem conseguir escolher qual delas é a melhor. E, depois que escolhemos, ainda ficamos refletindo se fizemos a escolha certa... 

Ao contrário, se há apenas uma mesa, ou apenas uma vaga, ficamos felizes por não termos que esperar por uma mesa ou sentimos que é o nosso dia de sorte por termos encontrado a última vaga!   

Isso acontece porque, quando temos liberdade para escolher entre diversas opções, somos responsáveis por nossas escolhas e isso gera uma carga emocional maior. Quando só temos uma opção ou quando alguém faz uma escolha por nós, ficamos mais felizes por não precisamos pensar sobre a escolha e, ao mesmo tempo, se algo der errado, não nos sentimos culpados pois não temos responsabilidade sobre aquela situação.

Podemos dizer que quanto maior o número de opções, mais ansiosos ficamos (e mais frustrados com o resultado), pois somos responsáveis por aquela escolha.
   

São bem conhecidas as histórias de Mark Zuckerberg e Steve Jobs, que sempre usam (ou usavam) o mesmo tipo de roupa para reduzir a quantidade de decisões que precisam tomar durante o dia. Desta forma, deixando de gastar energia mental (e tempo) para escolhas que não são relevantes, eles podem focar em decisões que consideram mais importantes.  

Nosso cérebro toma aproximadamente 35 mil decisões por dia, a maioria delas de forma inconsciente. Além disso, usamos a mesma quantidade de energia mental para tomar uma decisão importante (por exemplo, se devo mudar de emprego) ou para uma decisão trivial (por exemplo, que roupa devo usar hoje). Portanto, quando sobrecarregamos nosso cérebro com muitas decisões conscientes, podemos ocasionar a chamada "fadiga de decisão", que faz com que ele fique cansado e diminui a qualidade das nossas próximas escolhas.

Pensando na quantidade de decisões que um executivo de uma importante empresa de tecnologia deve tomar, faz sentido não sobrecarregar o cérebro com decisões menores, para reduzir o risco de fadiga mental e sobrar mais energia para a tomada de decisões críticas para o seu negócio. 

Quando conscientemente reduzimos a quantidade de decisões menos importantes, guardamos energia cerebral para as decisões mais relevantes na nossa vida.


Em uma época que muitas das nossas escolhas sobre quais posts iremos gostar, quais séries devemos ver e quais músicas devemos ouvir são feitas por algoritmos, acabamos ficando míopes e consumindo sempre o mesmo tipo de conteúdo, o que consequentemente faz com que tenhamos sempre a mesma opinião.

Por isso, precisamos fazer boas escolhas daquilo que podemos controlar, para ampliar nosso repertório e termos novos olhares, novas perspectivas. Ao invés de aceitar tudo o que recebemos como recomendação no Netflix, podemos ir ao cinema e escolher um filme que queremos ver; ao invés de apenas escutar as músicas recomendadas no Spotify, podemos buscar deliberadamente a música que queremos ouvir. Desta forma, focamos no que é realmente importante para nós e abrimos espaço para conhecer o novo.

E para você, a liberdade de escolha te faz mais feliz ou te deixa mais ansioso? 

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