Esta semana ouvi, no Podcast "Boa Noite Internet" (do Cris Dias), o episódio Liderança acolhedora, com Mariana Clark, em que ela fala sobre o Luto Corporativo e sobre a ferramenta mais valiosa para a liderança: a caixa de lenços.
Seu conceito de Luto Corporativo reflete sobre o acolhimento e a escuta ativa no meio corporativo, principalmente da liderança, quando alguém da equipe passa por um processo de luto. E aqui não estamos falando apenas da morte de um parente, mas também, como ela mesma descreve, a morte de um bichinho de estimação, aborto, doença, divórcio, ou qualquer situação em que haja a perda de um vínculo significativo para aquela pessoa.
Antigamente, falar sobre problemas pessoais no ambiente de trabalho era inadmissível. Precisávamos manter a mesma produtividade de sempre mesmo se estivéssemos passando por um problema pessoal. Precisávamos aprender a separar a vida pessoal da vida profissional e disfarçar que estava tudo bem com a nossa vida.
Esta mentalidade de alta produtividade a qualquer custo afetou profundamente nossa saúde mental. Entretanto, hoje é imperativo que as empresas - e as lideranças - adotem uma postura mais humanizada no ambiente de trabalho. É impossível separar nossa vida profissional da vida pessoal. Somos um só, e às vezes precisamos aceitar que não é sempre que podemos dar 100 ou 120 por cento do nosso tempo e da nossa atenção ao trabalho. Afinal, como manter essa mesma produtividade quando nosso coração está despedaçado?
Esse novo conceito conectou comigo de diversas formas... Sempre fui uma pessoa emotiva e, no início da minha carreira, me diziam que eu não podia demonstrar estes sentimentos. Era sinal de fraqueza chorar no trabalho e, muitas vezes, me escondi no banheiro para não demonstrar minha fragilidade na frente de ninguém.
Hoje, não tento mais disfarçar meus sentimentos só porque estou falando com alguém do trabalho. Tenho uma imensa gratidão pelo acolhimento que recebi dos meus colegas de trabalho (tanto da minha liderança quanto dos meus liderados) quando eu passei pelo luto do meu pai. Em nenhum momento eu pensei que minha líder era frágil quando ela se emocionou em uma reunião, pois também já tinha passado por isso antes.
Da mesma forma, me lembro quando um dos meus liderados ficou imensamente grato por eu ter falado pra ele não trabalhar no dia em que o seu cachorro morreu, ou quando eu mandei uma orquídea para um liderado que havia perdido a avó e, por coincidência, essa era a flor preferida dela. Em ambos os casos, eles me agradeceram por esse cuidado diversas vezes depois...
Liderança nos dias atuais significa se mostrar vulnerável para a sua equipe, e ao mesmo tempo dar espaço para que eles também possam expressar o que estão sentindo quando falam com você. Isso é sinal de que nos importamos com aquela pessoa e de que validamos seus sentimentos. Às vezes, os líderes precisam apenas ouvir e acolher, sem a necessidade de dar uma solução para aquele problema.
E, apesar de no passado isso soar contraproducente, pessoas que conseguem ser elas mesmas no ambiente de trabalho se tornam mais motivadas, e pessoas motivadas geram mais resultados para a empresa.
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