Certo dia, uns 20 anos atrás, fui ao Parque Ibirapuera para ver uma exposição que, na verdade, nem me lembro qual era. Peguei um ônibus na Vila Mariana e, logo que entrei, um rapaz sentou atrás de mim com um violão e começou a tocar Patience, do Guns. Com assobio e tudo.
Impossível não me deixar levar por aquela melodia. Impossível não cantar junto. Quando ele acabou a música, me virei para trás e agradeci pelo "couvert artístico" no busão. Começamos a conversar, ele me disse que também estava indo ao Ibirapuera e descemos juntos no ponto.
Disse a ele que estava indo encontrar alguns amigos para ir à exposição. Ele me disse que estava de boa, só ia sentar para tocar em algum lugar. E então o convidei para nos acompanhar na exposição e ele disse que sim.
Encontramos meus amigos, vimos a exposição e depois ele ainda foi almoçar com a gente. Ninguém tinha entendido que eu acabava de conhecer aquele rapaz no ônibus. Achavam que ele era meu amigo e o trataram como tal.
Quando terminamos de almoçar, pegamos o ônibus juntos de volta para a Vila Mariana. Me lembro que bem naquele dia eu tinha esquecido a chave e fiquei trancada pra fora de casa. Ele me acompanhou até o meu prédio, demos um abraço de despedida e ele foi embora, enquanto eu aguardava o chaveiro. Não trocamos telefone, nunca mais nos vimos, e não lembro o nome dele.
Às vezes ficamos sem entender por que as pessoas passam pela nossa vida. Acho que essa foi apenas para que eu pudesse contar essa história. Fim.
Comments
Post a Comment