O novo normal é usar máscaras. Costureiras estão aproveitando para vender, e gente do bem aproveitando para doar. Até mesmo grandes marcas já estão aproveitando para comercializar produtos com uma pegada fashion, ou com a sua própria identidade. Recebemos máscaras de brinde com nossas compras online de supermercado e de roupas, e até os repórteres as usam em suas transmissões ao vivo.
Invadimos a vida pessoal dos nossos colegas de trabalho, dos artistas e dos jornalistas. Passamos a conhecer a decoração de suas casas, as vozes e rostos de seus filhos, o pedido de ajuda para fazer uma lição online, os seus bichos de estimação. Cachorros latindo ou gatos passando na frente da câmera já são cenas corriqueiras durante uma vídeo conferência do trabalho.
O novo normal é ter que ir buscar uma encomenda na portaria no meio de uma reunião online (enquanto eu escrevo, o interfone tocou para informar que chegou mais uma delas). É acumular caixas de papelão em casa, é sair só para levar o lixo, passear com o cachorro ou ir ao supermercado. E sempre de máscara, abusando do álcool gel.
Sapatos de salto não saem mais para passear e maquiagens ficaram esquecidas nas gavetas. Não uso mais calça jeans, e o risco de elas não entrarem mais quando eu puder sair é grande. Não faço mais manicure, meu cabelo está sem corte e com a raiz grisalha, e minha vaidade foi minimizada. O que eu priorizo é sempre o conforto dentro de casa.
Lives já fazem parte do nosso cotidiano. Assistimos a shows, concertos e palestras, visitamos museus que talvez nunca conheceríamos presencialmente. Encontramos turmas de amigos que não víamos há anos, tudo virtualmente.
Tivemos que adaptar nossas casas para fazer exercícios físicos e montar o nosso home office. Compramos cadeiras de escritório, teclados e monitores, e todos reclamam de dor nas costas. A maioria não estava preparada para trabalhar de casa. O que importa neste momento é ter é ter uma boa conexão de internet e uma assinatura do Netflix para sobreviver ao tédio.
Vários aplicativos do nosso celular caíram em desuso. O Waze, companheiro diário na era pré-quarentena, já não é acessado há 2 meses. O Uber foi substituído pelo Uber Eats. Novos aplicativos de supermercado online e de entregas de todos os tipos surgiram no mercado.
As empresas também tiveram que adaptar os seus negócios para vender produtos e serviços online e incluir uma logística para o delivery. E as que conseguirem se transformar mais rapidamente se adaptarão mais facilmente ao novo normal. Nas ruas, só vemos entregadores em motos, bicicletas, patinetes e até cadeiras de rodas, sem respeitar as leis de trânsito.
Mas tudo isso será apenas temporário ou irá permanecer quando a vida voltar ao normal? Será que iremos voltar ao normal ou esse é o nosso novo normal?
Teremos que continuar usando máscaras para sempre para ir ao supermercado? Usaremos máscaras no escritório? Nas salas de aula? Quando poderemos ir a um concerto ou a uma partida de futebol novamente? As empresas continuarão mantendo os seus funcionários em home office depois que a pandemia passar?
Todas essas perguntas ainda não possuem respostas, mas tenho certeza de que nada será como antes. As crises trazem muitos desafios, mas também trazem muitas oportunidades de nos reinventar. Todos esses encontros virtuais poderão ser mantidos mesmo quando a pandemia passar. As compras online, os envios de contas digitais ao invés de papel, o home office, tudo isso pode continuar.
Precisamos rever nossos critérios de falta de tempo, de encontrar as pessoas que importam na nossa vida. Precisamos parar de nos locomover freneticamente, causando trânsito e poluição nas metrópoles. Precisamos perceber que a natureza está nos alertando para algo muito maior e começar a respeitá-la.
Por isso, eu realmente espero que as coisas não voltem ao normal de antes. Espero que o novo normal seja mais tranquilo, menos estressante, com mais tempo em casa com a família e sem aquele ritmo frenético que tínhamos. Mas que também tenhamos a liberdade de sair de casa para aproveitar o sol e o ar puro quando quisermos. E que possamos voltar a abraçar as pessoas queridas.

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