Não tenho tantas memórias de quando eu era criança. Nunca fui daquelas molecas que brincavam na rua, nunca fui arteira. Não tive nenhuma Barbie, mas brincava com a Nenezinho e com a Moranguinho, que tinha até cheirinho de morango. Me lembro que ganhei um Atari e adorava jogar Frostbite, aquele jogo do gelinho. E que, em algum Natal, ganhei vários jogos de tabuleiro de uma vez, e não queria parar de brincar com eles. Cara a cara, Banco Imobiliário e Lince eram alguns dos quais eu mais gostava. Ah, e tinha também a escrivaninha amarela. Ficava na sala de televisão, e lá eu passava o dia inteiro. Ela tinha um porta lápis embutido, e uma gavetinha onde eu guardava alguns livros e cadernos. Minha escrivaninha era o meu brinquedo favorito, e é dela que guardo minhas melhores memórias de infância. Ela significava tudo o que eu mais gostava de fazer: ler, escrever, desenhar e pintar. Como minhas irmãs eram bem mais velhas e já não moravam mais em casa, eu era praticamente filha únic...