A Era da Inovação Radical: esta foi a reportagem de capa da
revista Exame do mês de setembro. E eu, como atuante nada nerd da área de
tecnologia e em pleno processo de seleção para um mestrado na área de inovação,
me senti na obrigação de ler. Até então, imaginava que eu estava relativamente por dentro das
principais tecnologias disponíveis no mercado, e dos tão falados temas da
atualidade: revolução digital, inteligência artificial, realidade aumentada,
internet das coisas... mesmo não conhecendo nada com profundidade, não eram
termos desconhecidos para mim.
Porém, ao ler essa revista, me lembrei da minha avó, que se
espantava sempre que era filmada. Ela não acreditava em tudo aquilo, não entendia
como ela ia parar na televisão depois que uma câmera (naquele tempo, ainda bem
grande) apontava para ela por um tempo. Mas, enquanto era gravada, ficava lá sorrindo, quase
imóvel e impressionada com tamanha tecnologia.
Foi assim que eu me senti lendo essa reportagem. Praticamente
boquiaberta, vendo como estamos avançando tão rapidamente, e como algumas
coisas, que só imaginávamos no desenho dos Jetsons, já estão disponíveis no
mercado. Como prever há alguns anos que poderíamos imprimir qualquer objeto
em uma impressora 3D? Que sentiríamos o frio na barriga de uma montanha russa
apenas usando um par óculos? Que o homem poderia fazer uma viagem à Lua durante suas férias, sem nem mesmo ser um astronauta?
As crianças são sempre as que mais estão por dentro das novas
tecnologias, e não se espantam com nada. Este fim de semana, meu afilhado me mostrou seu novo jogo de
cartas. Aparentemente comum, daqueles que você compra na banca de revistas e
fica torcendo para não receber uma carta repetida. Mas o mais interessante é que, além
das cartas, você usa um aplicativo para produzir efeitos visuais adicionais, tais
como duelos entre os personagens. “Ele usa realidade aumentada”, disse meu
afilhado, quando percebeu a minha estupefação. Como se realidade aumentada fosse a coisa mais natural do
mundo.
Pois é, minha gente, os algoritmos, drones e robôs em breve
irão dominar o mercado de trabalho e limitar as vagas oferecidas para os
humanos. Robôs já estão sendo utilizados em linhas de montagem há algum tempo,
porém agora eles também são capazes de preparar uma pizza. Drones, que antes
eram utilizados para filmagens aerodinâmicas, por exemplo, já fazem entregas de
produtos comprados online. E os algoritmos, que apenas resolviam cálculos
e problemas específicos, agora são utilizados para tantos outros fins, como condução
de veículos sem motorista, comando de máquinas com a força do pensamento ou
diagnósticos médicos inteligentes.
Outro dia, estava conversando com um amigo sobre a diferença
entre trabalhos realizados por computadores e por homens.
Computadores não erram, dizia ele. Concordo parcialmente com essa afirmação. De
certa forma, os computadores reduzem uma parte dos erros que cometemos com
trabalhos manuais, devido à nossa desatenção ou desconhecimento. Mas, para que
chegue a esse ponto, deve haver uma programação inicial feita por um humano, processo este que também pode ter falhas. Sem contar que o
computador pode quebrar ou a rede pode cair... portanto
na minha opinião, nem mesmo os robôs são perfeitos!
E como não falar da crescente demissão de vários funcionários
de uma empresa, para que se “contrate” um único robô que substitua todos eles? Já
trabalhei na implantação de um sistema de emissão de bilhetes aéreos em uma agência de viagens, que resultou na substituição de
uma equipe inteira de agentes de viagem por um único sistema, reduzindo significativamente o custo operacional do nosso cliente. Confesso que no momento da
implantação meu sentimento era ambíguo: por um lado, o prazer de implantar um
projeto pioneiro da minha empresa; mas por outro, uma sensação de pleno
desconforto pelas pessoas que desempenhavam aquela função anteriormente.
Teoricamente, dizem que os robôs substituirão apenas os
trabalhos operacionais, e os humanos ficarão com os trabalhos mais estratégicos
e criativos – o que deveria ser um benefício para os homens, que ocuparão vagas
de mais alto nível. Mas será que estamos preparados para este tipo de trabalho,
principalmente no Brasil, no momento atual com volume recorde de desemprego, e falta de capacitação dos trabalhadores?
Se minha avó ainda estivesse viva, hoje ela estaria se
comunicando com seus netos que moram longe pelo Skype, e enviando vídeos
motivadores para suas amigas no Whatsapp, mesmo achando isso tão impressionante
quanto a câmera de vídeo há algumas décadas atrás.
Mas até que ponto chegaremos com tudo isso? Será que vai chegar
o dia em que haverá mais robôs que humanos no mundo? Que eles também terão sentimentos
como nós? A resposta para estas perguntas, só saberemos no futuro. Mas em um
futuro muito próximo...
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