Além de pai, você foi avô, bisavô, marido, filho, genro, sogro… Corinthiano, professor de matemática, bancário, goleiro, cafeicultor e bochófilo. Todas essas suas versões te complementavam e faziam com que você fosse o melhor pai do mundo. Hoje é meu primeiro dia dos pais sem o meu pai. Enquanto viajo de ônibus voltando para São Paulo, fico aqui pensando sobre sua rotina, que com a idade foi se tornando cada vez mais previsível. Talvez relembrar (e escrever) seja uma forma de matar a saudade e de não me esquecer de cada detalhe. Todos os dias, você tomava café da manhã sentado na ponta da mesa: uma xícara de café com leite (aquecido com exatos 30 segundos no micro-ondas, ou 3 voltas da caneca); 2 bananas nanicas e 4 fatias de pão caseiro (que você mesmo amassava 250 vezes contadas), com goles e bocadas matematicamente calculados para que tudo terminasse ao mesmo tempo. No almoço, o lugar da mesa era outro, ao lado esquerdo da minha mãe, que desta vez era quem se sentava na ponta. E ain...